“ENTREVISTANDO ATLETAS E RESGATANDO HISTÓRIAS”.

O Entrevistando Atletas e Resgatando Histórias surgiu nas corridas de rua e treinos pelos Parques de São Paulo. Ao término de cada corrida observando a ansiedade e alegrias de cada Atleta,me despertava então minha curiosidade em se aproximar e ouvir de cada Atleta um pouco mais de suas histórias de vida. Senti naquele momento que eu tinha que fazer algo em favor a eles para que suas histórias não ficassem mais trancadas nas gavetas, e reverter para publicá-las em Informativos, Revistas,livros e toda a rede de Internet para o conhecimento de todos. Através de cada entrevista,pude perceber no sentimento e semblante de cada Atleta uma satisfação imensa de cada um deles, pois já presenciei histórias marcantes e muito curiosas para o conhecimento e exemplo para todos. Abri então um espaço em especial no Informativo Podium para todos os Atletas responderem suas entrevistas através do nosso Site.
http://www.informativopodium.com.br/
ou pelo e-mail
informatvopodium@yahoo.com.br
Nosso Objetivo é também poder despertar a atenção de Patrocínios na possíveis contratações dos Atletas entrevistados.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Entrevistando:Magda Nº20

Atleta: Magda Dias

Publicado: Informativo Podium – Junho / julho -2008
20º “Entrevistando Atletas e Resgatando Histórias”

Idade: 29 anos
Profissão: Assist. Adm. III

Informativo Podium: Quando começou a praticar o Atletismo? Quem o incentivou?
R:Em provas de rua aproximadamente em 1993; meus irmãos.

Informativo Podium: O que o motiva a correr?
R:Superação dos meus limites

Informativo Podium: Quantas provas já correu?
R:Já perdi a conta

Informativo Podium: Quantos treinos faz por semana?
R:No momento, estou fazendo 03 X por semana

Informativo Podium: Quais as principais provas que já correu?
R:São Silvestre, Nike, Samsung.

Informativo Podium: Qual a corrida que mais marcou em sua memória?
R:A que mais me marcou.........na verdade foram duas, mas a mais marcante foi a
1º São Silvestre.

Informativo Podium: Tem algum conselho ou dica para quem vai começar o atletismo?
R:.....durma e acorde com o seu tênis”......disse uma atleta pra mim qdo comecei a treinar.......e vim a entender com profundidade a pouco tempo atrás. E para quem quer ser um atleta profissional, a 1º coisa .......Ame o que vc faz, porque no final quem chega no podium, chega não pq o almeja, mais sim porque ama correr; e pra finalizar ....” O passarinho não canta porque está feliz, ele está feliz porque canta” – William James.


QUANDO O SONHO SE TORNA REALIDADE
Sempre lembro desta história com muita emoção: aos meus 08 anos de idade, mais um ano se encerrava. Depois de passar o dia na casa de familiares, já era noite quando cheguei em casa com meus pais. Naquela época passávamos dificuldades financeiras e naturalmente meus pais não estavam dando muita importância para festas de final de ano.
Logo chegou a virada de ano, quando ligamos a TV e ao queimar dos fogos do dia 31 de dezembro, tocava a música trilha sonora do filme “Carroagens de Fogo” e uma imagem que nunca mais esqueci: uma multidão de pessoas na virada do ano correndo as principais ruas de São Paulo, ......elas corriam a São Silvestre. Naquele momento, a música ressoava meu coração e a imagem mesmo preta e branca se tornava colorida ao cintilar em meus olhos uma verdadeira emoção, naquele instante, despertou-me o desejo de um dia poder estar ali e fazer parte daquela multidão, não como uma telespectadora mais sim como uma simples corredora ou até mesmo como uma atleta.
Logo os anos de passaram e este desejo latente se revelou no colégio quando eu e um amigo fizemos uma aposta para ver quem conseguiria correr o percurso da São Silvestre até o final. Como eu trabalhava e estudava, fizemos planos de treinamento, bem inconseqüentes (hoje, eu sei), já era meados do mês de junho, e então, como a São Silvestre era somente em dezembro, planejamos iniciar os treinos a partir do 1º domingo do mês de Outubro e seguir os demais domingos até o dia da grande prova. Decidido, quando chegou o mês de outubro eu realmente iniciei minhas corridas de final de semana com amigos conhecidos que já corriam aos finais de semana. No 1º dia do treino, cheguei no local e hora marcada, e meu amigo da aposta nada de aparecer. Fomos ao Parque Duque de Caxias em Santo André, hoje, após uma reformulação passou a se chamar Celso Daniel. Eles costumavam dar 10 voltas no percurso de 1.500 m de distância, logo, no meu ritmo consegui concluir as 10 voltas, somente 02 voltas atrás deles, junto com um deles que correu no mesmo ritmo que o meu. No momento da conclusão, foi muito especial pra mim, pois quando conclui, eles festejaram e aplaudiram, relatando que até aquele momento eles não acreditaram que eu conseguiria concluir as 10 voltas, e a partir daquele momento tornei-me a “mascoquinha” da turma. E com o apoio deles treinamos os domingos seguintes.
As semanas se passaram e logo chegou o período de inscrição. Minha mãe não tolerava minhas corridas, não autorizando minha inscrição na prova da São Silvestre. No último dia de inscrição eu decidi fazê-la, independente de qualquer coisa, arrumei uma pessoa que se passasse pelo meu responsável para efetivação da inscrição, pois, eu ainda era menor de idade. Nas últimas semanas já não pude treinar e meu maior esforço estava em obter o consentimento de minha mãe, e somente dois dias antes da corrida consegui seu tão esperado consentimento. Meu amigo realmente já havia dado para trás, mais a aposta naquela altura do campeonato já não me importava mais, pois, já era a realização de um sonho que estava em jogo.
Chegou o grande dia, e naquele ano houve grandes mudanças na São Silvestre, como: alteração de percurso, distância e horário; seria a primeira São Silvestre, na qual, a largada seria no horário da tarde. Minha mãe até chegou a me levar em uma benzedeira para eu correr com bons fluídos, e me lembro ter pedido para uma amiga me acompanhar, pois, estava com mau pressentimento e não queria ir sozinha para a São Silvestre. No final, foram duas amigas e um amigo do colégio.
Chegado o momento da concentração, por mais que eu disfarçasse e mostrasse confiança de conseguir para meus amigos na torcida, naquele momento, havia um conflito interno de até aonde eu chegaria, pois, sabia que nos últimos domingos não havia corrido, foi quando soou a “sirene” da largada e as passadas começaram. Aquela largada pra mim, foi o início de uma vitória ........a vitória de estar ali vivendo aquele momento tão esperado; via pessoas gritarem e aplaudirem sem mesmo saber o que estavam aplaudindo. Meu coração enobrecia a cada passada, onde ficou latente por um bom tempo, ao redor conquistas, esperanças e muita emoção, dentro de mim um sonho com muita transpiração. No longo percurso, havia imprevistos, subidas e descidas, e o Sol evaporava a água do meu ser, mostrando a força não se dissolvendo em velocidade, mais sim em ritmo constante..... o ritmo que me levou até o final. Naquele dia, cheguei na Brigadeiro Luís Antônio exausta, já não estava enxergando direito e começava a perder noção do meu corpo. Ao conseguir um copo d’água, continuei a subida da Brigadeiro e ao entrar na Paulista, não sei como, consegui dar um “spreenting” até cruzar a linha de chegada antes de cair, pra mim aquele momento durou uma eternidade, mais acredito que na verdade foram segundos. Já sem muita noção, consegui levantar a cabeça quando vi mais uma faixa branca à minha frente, pensei não ter cruzado a linha de chegada e como meu objetivo era concluir todo o percurso até o último cm, reuni todas as forças que pude ergui a cabeça e com a esforço levantei meu corpo e dei mais uns 03 passos cruzando aquela outra linha branca já com o apoio de um segurança, que me pegou no colo logo em seguida, e só me lembro de ter perguntado.... - Eu consegui?.......e já de longe eu ouvi uma voz dizer: - Você conseguiu......você conseguiu menina. Acordei algum tempo depois com a equipe de paramédicos.
Sempre me perguntei da onde encontrei tanta força para continuar aquele percurso, pois, na verdade, mesmo com toda a disposição da idade não tinha preparo físico suficiente para tal, mais hoje, eu posso responder que ela veio e vem do que está em meu coração, entretanto, na vida quando queremos fazer de um sonho uma realidade, a vontade, a confiança de poder, nos tornam corajosos.....corajosos para enfrentar a dor, o medo, a solidão e até mesmo quando preciso a emoção.
Depois daquele evento, como no final não foi muito promissor, jurei que nunca mais iria correr a São Silvestre. Embora tenha jurado, depois de uns três meses fui convidada em meu trabalho para participar de uma prova em menor distância e venci. Por necessidade e escolhas não pude seguir o atletismo profissional, mas sempre quando posso participo não só da São Silvestre mais também de outras provas de rua, inclusive hoje, faço parte da equipe de corrida, na empresa onde trabalho, chamada Podium.
Bom, o que posso dizer é que o meu sonho continuou, em outras palavras, a vida, o amor, a maturidade, as realizações e a sabedoria estão nas coisas mais singelas que cada dia nos dá e necessita, onde cada passada tem seu próprio propósito, sua própria dor, sua própria renúncia, seu próprio ritmo, seu próprio potencial e sem dúvida seu próprio valor. E não dar importância a essas coisas é não dar importância para própria vida. Vencer não significa somente chegar em 1º lugar, pra mim e acredito que para maioria das pessoas que participam hoje da São Silvestre e de provas de rua é vencer a si mesmo, é quebrar seu próprio paradigma, é transcender seus próprios limites. E digo, hoje quando corro, ainda sinto a mesma emoção de quando tinha meus oito anos de idade, só que agora.... fazendo parte da multidão.
Envie sua entrevista para: informativopodium@yahoo.com.br

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